Sonho que mato-me
Deito na terra
Me suga as chagas
Escoa meu sangue
Exposto
Sem medo
Repouso no sono eterno
e assim, permito os insetos me
arrancarem as sobras
Arapocas brancas levam a febre
do meu corpo encurvado
Um pé de capim santo leva meu
cansaço
Em uma semente repousa
a angústia acumulada
Desde a
morte anterior.
Alamandas me cobrem
a totalidade da epiderme
Um leito de folhas de bananeira
sob mim
Gosto meu
na ponta da língua
Olhos abertos
Docemente penetrados
À frente
2020
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