segunda-feira, 27 de julho de 2020

Sonho.


Sonho que mato-me
Deito na terra
Me suga as chagas
Escoa meu sangue
Exposto

Sem medo
Repouso no sono eterno
e assim, permito os insetos me
arrancarem as sobras

Arapocas brancas levam a febre
do meu corpo encurvado
Um pé de capim santo leva meu cansaço
Em uma semente repousa
a angústia acumulada
                                      Desde a morte anterior.

Alamandas me cobrem
a totalidade da epiderme
Um leito de folhas de bananeira sob mim

Gosto meu
na ponta da língua
Olhos abertos
Docemente penetrados
À frente

2020

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