quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Poema novo

Num bar sentados, falando, rindo
Uma Pessoa parada, uma pessoa fingindo.
O copo secando, os olhos afundando.
Alguns vão ficando esbugalhados,
Tem uns que choram, outros que se afastam.

Com o copo na mão, na mesa
As palavras vão saindo, perdidas
Sem sentido, caídas da boca feito baba desgovernada
Do corpo descontrolado, exagerado
O riso forçado do papo furado
A hora de sair, a vontade de ficar
As mãos suadas na pia do banheiro
O vômito grosso no buraco apertado
A sede volta, o corpo recua
A garganta aceita.

Uma pessoa dormindo, uma pessoa chorando
Tem quem ouça, tem quem fale, tem quem cante
Tem quem toque, tem quem dance, tem quem minta

O veneno escorrendo da fala abandonada
O preconceito e o horrendo fugindo das cabeças desamparadas
A vontade de se querer e querer qualquer pessoa
A vontade de se esconder, de ser outra coisa
A vontade de se perder e achar outra margem
Outra metade, outra verdade

Procurar outra chatice, em outra mesa, outra fumaça, outra despesa
Por impulso perder a razão
Correr pra aquele lado, como se fosse um anjo de asas abertas
Um buraco irresistível e inalcançável
Que vai sumindo, quando se esta chegando...
Tem alguém ai dentro? Tem alguém que queira sair?
Um susto mudo, um murro na cara, cara esmagada
O asfalto terno, negro, neutro
Por romance, recobrar um sentido falso
Se arrepender, cuspir a água ardente do coração
Termina a noite, termina a farsa, a desgraça, as promessas.
Cuspir os desejos únicos tomados num só gole.
Jurar, mentir, comer, cair. Gargalhar, apagar
Dormir.
Hoje sou uma mulher
E levo comigo cicatrizes
Já levo vários "nãos" no meu manual de instrução
Já carrego pequenas restrições e pilhas de burocracias
Pra alcançar meu espinhoso coração
Se perdeu a paciência

Infelizmente, tristemente...
Não me basta mais só tesão.

Já não sou pura energia
Disposta a topar qualquer companhia
Qualquer saida, qualquer confusão
Hoje sou aço, e tenho meus passos contados
Limites selados e medo de me machucar a toa
De que me doa a toa
assim, simplesmete, como se fosse em vão