quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ego II

me vejo morta e viva
raza e funda
me obeservo sofrer e gargalhar
chorar sem lagrimas
até perder as forças

me vejo fugir com a força da chegada
e juntando mentiras no caminho
admiro a minha falsa vitória
me vejo nos "pegue e pague" da vida
e nos meus poemas de mulher

deparo comigo incapaz
fraca e lúcida
presa e instigada
me vejo afastada e feliz
e como numa brincadeira volto
por descargo, escuto

eu como expectadora da minha tragi-comédia
me vejo expectadora...
eu e minha sinceridade ensaiada
meus amores levianos, que tanto amo!

me vejo com saudade, e com o além nas mãos
odio, procura, medo, encontro, sorte, pulo, azar
me vejo com rimas e sem calças

e só para as cortinas se fecharem
me vejo vermelha, longa e plácida

Milhão

De tão intrépido, me pus desnorteado
A procura do intervalo montado em nós
queria esse minucioso desvaneio
Coberto, ou negro
Para obter a surpresa ou o suplício
de cair no vazio de qualquer sentimento ou vicío

De tão calido busquei o pérfido
Pra conter o ardor da minha carne
que na lascividade do espírito
Perdeu o requinte e sofreu o disparate
de perder a lucidez
na paranóia do meu ventre