terça-feira, 23 de novembro de 2010

A dor nasce na garganta

O homem se penteia
Se veste, se lava e sai de casa
Sai da vida
Sai da cabeça, lotada, sai esmagada
Põe o seu melhor óculos, esboça sua melhor cara.
O homem não quer companhia...
Já tem a vida.. escancarada

Um palavreado com qualquer passante
Uma palavrinha com o dono do bar
O homem não quer amizades, não quer ombro.

Mas o celular toca.. e ele se lembra....
Se lembra, que infelizmente.. não é só, é solitário
Se lembra que ama, pelo menos acha..
Que criou alguns monstros, que sugam...
Que tem ex-mulher, atual, quem sabe..
Se lembra, profundamente...
Que não é só, é solitário... que é falso

Acende um cigarro e fala da vida
Fala da luz, fala de atendentes públicos
De ligações, da Morte...
Sem saber.. fala do tédio, da tristeza..

O homem fala de si
Em palavras do cotidiano
O vento que lhe ouve, que lhe entenda
Pois ele não fala do que fala

O homem observa
Observa e sonha com um romance Woody Allen
Sonha, egoistamente, com uma vida diferente
O homem desabafa..
Vira as costas
O homem sofre e se vai..

Não do bar
Mas do mundo, entra na sua cabeça
E se perde,
O homem silenciosamente se consola

Sente o cheiro do passado e se vai..
Não do bar.

Nenhum comentário: